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Em um movimento que pegou muitos de surpresa, a Aliança Climática Global de Bancos (Global Banking Alliance for Climate, ou GBAC), conhecida por seu projeto Capital Reset, anunciou o encerramento de suas atividades. A iniciativa, que reunia algumas das maiores instituições financeiras do mundo com o objetivo de alinhar o setor bancário aos compromissos climáticos, deixa um vazio no cenário de finanças sustentáveis.
Mas o que levou a esse desfecho? Quais foram os principais desafios enfrentados? E qual o impacto desse encerramento para o futuro das finanças verdes no Brasil e no mundo?
Neste artigo, exploramos os detalhes dessa decisão, suas implicações e o que podemos esperar daqui para frente.
A Global Banking Alliance for Climate (GBAC) foi lançada em 2021, durante a COP26, como uma resposta do setor financeiro à crescente pressão por ações climáticas. Reunindo mais de 60 bancos globais, incluindo gigantes como HSBC, Citigroup, Bank of America e Santander, a aliança tinha como meta:
✅ Alinhar os portfólios de empréstimos e investimentos aos objetivos do Acordo de Paris (limitar o aquecimento global a 1,5°C).
✅ Desenvolver métricas padronizadas para medir o impacto climático das operações bancárias.
✅ Incentivar a transição para uma economia de baixo carbono, direcionando capital para projetos sustentáveis.
Dentro dessa estrutura, o Capital Reset era um dos principais projetos, focado em redefinir como os bancos alocam recursos, priorizando setores com menor pegada de carbono e apoiando a descarbonização de indústrias poluentes.
Alguns dos principais membros incluíam:
Banco | País | Compromisso Climático |
---|---|---|
HSBC | Reino Unido | Neutralidade de carbono até 2050 |
Citigroup | EUA | US$ 1 trilhão em financiamento verde até 2030 |
Bank of America | EUA | US$ 1,5 trilhão em finanças sustentáveis até 2030 |
Santander | Espanha | Neutralidade de carbono até 2050 |
Itaú Unibanco | Brasil | R$ 250 bilhões em créditos sustentáveis até 2030 |
(Fonte: Relatórios anuais dos bancos e GBAC)
O anúncio do encerramento da GBAC pegou muitos de surpresa, mas não foi totalmente inesperado. Vários fatores contribuíram para essa decisão:
Um dos maiores desafios foi a dificuldade em alinhar interesses entre bancos de diferentes regiões. Enquanto instituições europeias e americanas pressionavam por metas mais ambiciosas, bancos de mercados emergentes (como Brasil, Índia e China) argumentavam que a transição energética não poderia ignorar suas realidades econômicas.
Muitos bancos enfrentaram resistência de governos e setores dependentes de combustíveis fósseis. Nos EUA, por exemplo, estados como Texas e West Virginia aprovaram leis que proíbem bancos de boicotar empresas de petróleo e gás, sob pena de perderem contratos públicos.
No Brasil, o setor agropecuário e de mineração também exerce forte influência, dificultando a adoção de critérios mais rígidos de financiamento.
Um dos principais objetivos da GBAC era criar métricas padronizadas para avaliar o impacto climático dos empréstimos. No entanto, a falta de dados confiáveis e a complexidade dos cálculos tornaram esse processo lento e pouco efetivo.
Algumas ONGs e especialistas acusaram a aliança de fazer promessas vagas sem ações concretas. Um relatório da Reclaim Finance (2023) mostrou que, apesar dos compromissos, muitos bancos continuaram financiando projetos de combustíveis fósseis.
Com a guerra na Ucrânia, a crise energética e a inflação, muitos bancos priorizaram a estabilidade financeira em detrimento de metas climáticas de longo prazo.
O Brasil, como um dos maiores emissores de gases de efeito estufa (devido ao desmatamento e à agropecuária), tinha muito a ganhar com a GBAC. O encerramento da aliança pode trazer consequências significativas:
O Itaú Unibanco, um dos membros da GBAC, afirmou que continuará seus compromissos climáticos independentemente, mas reconheceu que a falta de uma aliança global dificulta a coordenação de esforços.
Já o Banco do Brasil e a Caixa não faziam parte da GBAC, mas vinham adotando critérios ESG em seus financiamentos. O encerramento da aliança pode reduzir a pressão por padrões mais rígidos.
Apesar do fim da GBAC, o movimento por finanças verdes não acabou. Algumas tendências devem continuar:
Países da União Europeia e os EUA estão avançando em leis que obrigam bancos a divulgar riscos climáticos. No Brasil, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e o Banco Central têm discutido normas semelhantes.
Em lugar de uma aliança global, podem surgir coalizões regionais, como:
Fundos de investimento e clientes estão cada vez mais exigindo transparência climática. Bancos que não se adaptarem podem perder mercado.
Ferramentas como blockchain para rastrear emissões e IA para análise de riscos climáticos podem ajudar bancos a cumprir metas sem depender de alianças.
O encerramento da Aliança Climática Global de Bancos é um revés para a agenda climática, mas não significa o fim dos esforços por finanças sustentáveis. O setor financeiro ainda enfrenta pressões regulatórias, de mercado e sociais para se adaptar à economia de baixo carbono.
No Brasil, o desafio é ainda maior, dado o peso de setores como agropecuária e mineração. No entanto, bancos e empresas que anteciparem a transição podem se posicionar como líderes em um mercado cada vez mais consciente.
O Capital Reset pode ter terminado, mas a revolução verde nas finanças está apenas começando.
(Inclua imagens com créditos adequados ou use bancos de imagens livres como Unsplash, Pexels ou Pixabay.)
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Deixe seu comentário: O que você acha do encerramento da GBAC? Os bancos brasileiros devem criar sua própria aliança climática?