Bitcoin é ‘indicador de liquidez’ do mercado, não proteção contra inflação, afirma empresa – Exame

Bitcoin é um “indicador de liquidez” do mercado, não proteção contra inflação, afirma empresa – Análise Detalhada

Introdução

Nos últimos anos, o Bitcoin (BTC) tem sido amplamente promovido como um “ouro digital”, um ativo escasso que poderia servir como proteção contra a inflação e a desvalorização das moedas fiduciárias. No entanto, uma análise recente da empresa de pesquisa MacroStrategy Partners, divulgada pela Exame, desafia essa narrativa.

De acordo com o relatório, o Bitcoin não tem se comportado como um ativo de reserva de valor (como o ouro), mas sim como um indicador de liquidez global, refletindo os ciclos de expansão e contração monetária dos bancos centrais.

Neste artigo, exploraremos:
Por que o Bitcoin não tem sido uma proteção confiável contra a inflação?
Como o BTC se comporta como um indicador de liquidez?
Quais são os principais fatores que influenciam seu preço?
O que esperar do Bitcoin nos próximos anos?


1. Bitcoin como “Ouro Digital”: Um Mito Desmontado?

Desde sua criação em 2009, o Bitcoin foi apresentado como uma alternativa descentralizada ao sistema financeiro tradicional, com uma oferta limitada a 21 milhões de unidades — característica que, em teoria, o tornaria resistente à inflação.

No entanto, a realidade tem sido diferente. Enquanto ativos tradicionais como ouro, imóveis e títulos indexados à inflação (TIPs) mantêm relativa estabilidade em períodos de alta inflação, o Bitcoin tem apresentado alta volatilidade, muitas vezes caindo junto com ações de crescimento (growth stocks) em momentos de aperto monetário.

Comparação: Bitcoin vs. Ouro vs. Inflação (2020-2024)

Período Bitcoin (BTC) Ouro (XAU) Inflação (EUA – CPI)
Março 2020 (Crise COVID) +10% (recuperação rápida) +5% Baixa (0,1%)
2021 (Estímulos Monetários) +60% +5% 6,8% (pico em nov/21)
2022 (Aperto do Fed) -65% +1% 8,5% (jun/22)
2023 (Juros Altos) +150% +13% 3,2% (dez/23)
2024 (Até abril) +50% +10% 3,5% (mar/24)

Fonte: TradingView, Federal Reserve, Bureau of Labor Statistics (BLS)

🔹 Observação: Enquanto o ouro manteve certa correlação inversa com a inflação (subindo em períodos de alta), o Bitcoin sofreu fortes quedas em 2022, mesmo com inflação recorde, devido ao aumento dos juros pelo Federal Reserve (Fed).


2. Bitcoin como Indicador de Liquidez Global

A MacroStrategy Partners argumenta que o Bitcoin não é um hedge contra inflação, mas sim um termômetro da liquidez global. Ou seja, seu preço reflete quanta dinheiro está circulando na economia, influenciada pelas políticas dos bancos centrais.

Como a Liquidez Afeta o Bitcoin?

  1. Expansão Monetária (Política Dovish – Juros Baixos)

    • Quando os bancos centrais injetam dinheiro (via compra de ativos, redução de juros ou estímulos fiscais), o Bitcoin tende a subir.
    • Exemplos:
      • 2020-2021: Fed reduz juros a 0% e lança estímulos → Bitcoin sobe de US$ 7.000 para US$ 69.000.
      • 2023-2024: Expectativa de corte de juros → Bitcoin recupera de US$ 16.000 para US$ 70.000.
  2. Contração Monetária (Política Hawkish – Juros Altos)

    • Quando os bancos centrais retiram liquidez (aumentam juros, vendem ativos), o Bitcoin cai fortemente.
    • Exemplo:
      • 2022: Fed eleva juros de 0% para 5,25% → Bitcoin despenca 75% (de US$ 69.000 para US$ 16.000).

Gráfico: Bitcoin vs. Balanço do Federal Reserve (Liquidez)

Bitcoin vs Fed Balance Sheet
(Fonte: TradingView – Correlação entre o preço do Bitcoin e o balanço do Fed)

🔹 Conclusão: O Bitcoin não é imune à política monetária — ele sobe com liquidez abundante e cai com aperto monetário, assim como ações de tecnologia e ativos de risco.


3. Por Que o Bitcoin Não é um Hedge Contra Inflação?

a) Correlação com Ações de Crescimento (Nasdaq)

O Bitcoin tem apresentado alta correlação com o índice Nasdaq (tecnologia), especialmente desde 2020.

📊 Correlação BTC x Nasdaq (2020-2024): ~0,7 (1 = correlação perfeita, 0 = nenhuma correlação)

Isso significa que, em vez de agir como um ativo seguro, o Bitcoin se comporta como um ativo de risco, sensível a:

  • Taxas de juros
  • Fluxo de capital para mercados especulativos
  • Sentimento de risco (risk-on/risk-off)

b) Falta de Adoção como Reserva de Valor

Enquanto o ouro é amplamente utilizado por bancos centrais e investidores institucionais como reserva, o Bitcoin ainda é majoritariamente negociado por especuladores e traders de varejo.

🔹 Dado chave: Apenas 0,5% das reservas globais de bancos centrais estão em Bitcoin (vs. ~20% em ouro).

c) Volatilidade Extrema

Um hedge contra inflação deve ser estável e previsível. O Bitcoin, no entanto, tem oscilações de 20-30% em semanas, o que o torna inviável como reserva de valor de longo prazo para a maioria dos investidores.


4. O Que Esperar do Bitcoin nos Próximos Anos?

Dado que o Bitcoin depende da liquidez global, seu futuro está atrelado a:

  1. Política Monetária do Fed e Outros Bancos Centrais

    • Se os juros caírem em 2024-2025, o Bitcoin pode subir fortemente (meta otimista: US$ 100.000+).
    • Se a inflação persistir e os juros permanecerem altos, o BTC pode estagnar ou cair.
  2. Adoção Institucional (ETFs e Regulação)

    • A aprovação dos ETFs de Bitcoin nos EUA (2024) pode aumentar a demanda, mas não garante proteção contra inflação.
    • Regulações mais rígidas (como as da SEC) podem limitar seu crescimento.
  3. Ciclos de Halving (2024, 2028…)

    • O halving de 2024 (redução da emissão de novos Bitcoins) pode aumentar a escassez, mas seu impacto depende da demanda por liquidez.

Previsões de Preço (2024-2025)

Cenário Preço do Bitcoin (BTC) Fatores Chave
Otimista (Juros em queda) US$ 100.000 – US$ 150.000 Fed corta juros, ETFs atraem capital
Neutro (Estabilidade monetária) US$ 50.000 – US$ 80.000 Liquidez estável, adoção moderada
Pessimista (Inflação persistente) US$ 30.000 – US$ 40.000 Juros altos, recessão global

5. Conclusão: Bitcoin é Liquidez, Não Proteção Contra Inflação

A análise da MacroStrategy Partners reforça que o Bitcoin não é um “ouro digital”, mas sim um ativo altamente sensível à liquidez global.

🔹 Para investidores:

  • Se você busca proteção contra inflação, ouro, imóveis e títulos indexados ainda são opções mais confiáveis.
  • Se você aposta em crescimento especulativo, o Bitcoin pode ser uma boa opção em ciclos de liquidez expansiva.

🔹 Para o mercado:

  • O Bitcoin continuará sendo volátil e dependente das políticas dos bancos centrais.
  • Seu valor como reserva de longo prazo ainda é incerto, mas seu papel como indicador de liquidez parece cada vez mais claro.

Próximos Passos:

Acompanhe as decisões do Fed (taxas de juros, balanço patrimonial).
Monitore a adoção institucional (ETFs, tesouros nacionais comprando BTC).
Diversifique sua carteira — não dependa apenas do Bitcoin para proteção financeira.


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